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É caro aqui, é caro lá

O governo brasileiro está empenhado em ressuscitar o fusca do Itamar. Não é por aí que vai resolver o problema da venda de carros zero quilômetros para a classe média baixa. Carro popular como fusca não é mais factível. A engenharia empregada na fabricação dos diferentes modelos evoluiu e ficou mais cara. Baixar impostos é demagogia e favorece uma parcela da população as custas da maioria que não tem – e vai continuar sem – saúde e educação.

Segundo o governo, os carros brasileiros estão custando muito caro. É verdade, diante da realidade nacional, não há dúvida, os carros estão caros e fora das possibilidades de grande parte da população.

Nem mesmo os financiamentos existentes amenizam o drama. Com todas as incertezas da economia nacional, os juros para os financiamentos de longo prazo são altos e encarecem ainda mais o preço do bem.

Só que esse quadro não é exclusividade brasileira. Matéria publicada pelo Estadão mostra que os carros zero quilômetros norte-americanos estão cada dia mais longe das possibilidades das camadas menos ricas da sociedade.

O preço médio de um veículo americano em 2022 foi de 48 mil dólares ou duzentos mil reais. Algo próximo do dobro do preço médio do carro zero quilômetro brasileiro. Mais que isso, os juros, lá, também estão altos. O valor médio da prestação saltou de 630 dólares para pouco mais de 700 dólares, afastando ainda mais os compradores.

E se até recentemente existiam 4 modelos de carros na faixa de 20 mil dólares, agora este número caiu para 2 modelos. O resultado é que as montadoras estão fabricando menos, mas estão ganhando mais. O valor mais alto do carro médio compensa a queda das vendas e aumenta os lucros. Seria bom o governo pensar nisso. No mundo não tem mágica.    

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.