Cadê a chuva que molha?
No verão, nós pedimos pelo amor de Deus para parar de chover. No outono, nós pedimos pelo amor de Deus para chover. Será que o ser humano é incontentável? Será que tem sempre algum motivo para reclamar? Não, não é por aí.
No verão, as chuvas destroem pelo excesso. No outono, elas machucam pela falta. E, no meio, vamos tocando como podemos, porque não tem outro jeito. O barco navega de acordo com o vento.
Se o excesso de chuva faz a festa das águas, arrebenta a cidade, mata e destrói, a sua falta resseca os narizes, compromete a respiração, enche os hospitais com pessoas de todas as idades com problemas respiratórios.
Para piorar, é a época em que as doenças do pulmão começam a pipocar. Então, além dos estragos causados pela secura do ar, tem também os estragos causados pelos vírus e bactérias que nadam de braçada no pó e na poluição.
Como tudo no mundo tem pelo menos dois lados, a secura do outono tem a contrapartida de criar os pores do sol mais bonitos do mundo. O por do sol visto da ponte da Cidade Universitária é de tirar o folego. O céu vermelho com a bola do sol no meio lembra o começo do mundo, ou viagens interplanetárias, nas quais as naves humanas correm para as estrelas, empurradas pela curiosidade dos astronautas transformados em semideuses.
Isso tudo para perguntar: cadê a chuva? Não dá para ficar tanto tempo com os índices de umidade tão baixos. Não tem nariz que resista, nem respiração que aguente. Se beber água melhora o desempenho global, não tem efeito sobre a respiração e a coisa piora quando se é alérgico e o remédio, em vez de aliviar, piora o quadro.
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