Um desperdício absurdo
O Brasil tem sido campeão de tolices ambientais ao longo dos últimos anos. Em nome de ideias completamente sem sentido, fizemos estrepolias inomináveis, que levaram a recordes de destruição da floresta amazônica e nos jogaram no limbo das nações civilizadas. Estamos tentando voltar ao jogo, mas é complicado.
Só que o bioma amazônico é um dos muitos biomas nacionais agredidos sem dó pela ocupação humana. Nós vamos além. Quem anda pela zona sul de São Paulo vê a invasão das margens das represas Billings e Guarapiranga, feita com a conivência de autoridades da região, que não só fecharam os olhos, mas venderam os lotes ocupados de forma irregular e que poluem dois dos principais mananciais da cidade.
Água é questão de vida e morte no planeta. Não faz muito tempo, descobrimos que a água é findável, que ela acaba e aí não tem mais o que fazer. Resgatar a água é muito complicado, caro e muitas vezes inviável.
E aí, mais uma vez, o Brasil se supera. Nós temos a capacidade de perder 40% da água tratada no país. É um número alto, mas é a média, tem estado onde a perda supera os 70%. E mesmo São Paulo, que permite a poluição de mananciais como a Billings e Guarapiranga, ainda por cima perde uma quantidade de água bem maior do que a média internacional.
33 milhões de brasileiros não tem acesso a água encanada e um número muito alto não tem noção do que é saneamento básico. Sem resolvermos esses dois problemas, inclusive com a solução dos gargalos responsáveis pela maior parte da perda de água, não tem o que fazer, o Brasil continuará uma nação doente.
Sem água e saneamento não há como garantir a saúde das populações que vivem nas margens das grandes cidades. E sem estancar as perdas não tem como garantir água para todos.
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