O outro lado é aqui
[Crônica de 15 de julho de 2014]
O outro lado da margem do rio é o mesmo lado visto ao contrário. É só uma questão de posição. Se estiver olhando pra baixo, para a descida do rio, é uma coisa, se estiver olhando para cima, para a montante, é outra. E as duas são a mesma, ao contrário dos dois lados da moeda.
A vida é muito complicada. Por isso ver as coisas como elas são e depois descrevê-las de forma simples é o ideal de todo escritor.
Tem quem consegue, tem que chega perto e os que deveriam mudar de profissão. Complicar o que já é complicado não é vantagem, é não saber fazer ou ser um tremendo espírito de porco.
Será que alguém dirá que estou ofendendo a nobre raça dos suínos? Nos dias de hoje tudo é possível.
Mais vale escrever sobre as paineiras. Mas aí fico sujeito a responder pela afirmação de que as calçadas são cinzas e sujas.
Enfim, voltando ao começo, nem sempre a outra margem está perto e muitos rios têm piranhas, jacarés e outros monstros capazes de engolir um ser humano sem fazer força.
Para quem duvida, já pescaram tubarão cabeça chata na altura de Iquitos, mais de 3 mil quilômetros para cima da foz do Rio Amazonas.
Lambari sabe dos riscos, por isso quando peixe grande sai para nadar lambari fica na toca.
Quase a mesma coisa que fazem certos políticos mais experientes. A temperatura sobe e eles somem. Metem o pé na estrada, vão tirar fotos de Roma e pedir autógrafo para o Papa.
O mundo é assim desde antes de ser mundo. Na primeira leva que desceu das árvores já tinha os espertos e os corretos. Pena que desde o começo os espertos imaginem que vão ganhar sempre. No final perdem, mas dá trabalho.
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