Meio século não é muito tempo
[Crônica de 28 de agosto de 2002]
Tendo chegado lá, confesso que me convenci que meio século não é muito tempo. Pelo contrário, é pouco e passa depressa. Depressa demais, acelerando na medida que os anos passam, o que, mantida a toada, quer dizer que os próximos 50 passarão mais depressa ainda.
Ao longo da vida a gente vê o bom e ruim, o belo e o feio. Deus tem sido meu amigo e na conta de acerto, por enquanto, tenho saído com saldo positivo.
Tenho bons amigos, bons colegas de trabalho e uma família maravilhosa, que paga todos os preços com troco e sobra de todos os jeitos.
Isto quer dizer que eu não posso reclamar e não reclamo, porque, perto do feio do mundo, somos abençoados e estas bençãos vêm de Deus, que sabe lá por que, tem carinho comigo e com os meus.
Cinquenta anos depois as lembranças se acumulam e são tantas, que assusta serem quase todas muito boas.
Não tenho mágoas, nem frustrações mais sérias. Os arrependimentos estão trabalhados e, se algum ainda incomoda, foi não ter feito o que deveria ter sido feito, na hora de ser feito.
Andei o Brasil viajei o mundo, conheci gente, conheci lugares, conheci momentos.
Vi a lua cheia refletida nas águas dos lagos, nas águas dos rios, na imensidão do mar. Vi o sol nascer atrás dos morros e vi o sol nascer de dento do mar.
Vi as estrelas mudarem de lugar ao longo da noite. E vi meteoros se transformarem em desejos cumpridos. Vivi cada desejo intensamente, por isso estou com os preços pagos e com a poesia em dia, para me entregar aos próximos cinquenta.
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