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Não discuta história sem conhecer os fatos

Ninguém discute, a história oficial é sempre a versão do vencedor. Há a versão dos vencidos e a dos que não têm nada com isso, normalmente a mais isenta. Há também a verdade dos fatos, mas esta é mais difícil de encontrar.

O grande problema dos dias de hoje é que as pessoas querem reescrever ou interpretar a história com os seus valores, que são, evidentemente, outros, completamente diferentes dos valores na época dos fatos.

Não é possível se adotar o que é válido atualmente para julgar o que aconteceu quinhentos anos atrás. Em primeiro lugar, quinhentos anos atrás, a realidade social do planeta era outra, com valores diferentes, formas de vida diferentes, sociedades diferentes e formas de ganhar a vida diferentes.

Mas foi o que aconteceu no passado que dá forma ao que acontece hoje, no nosso mundo super evoluído, com a internet e as redes sociais abrindo espaço para o mais genial e o mais estúpido, com a sem cerimônia de programas que não julgam, apenas transmitem.

Sem a revolução industrial do final do século 18, quando as máquinas movidas a vapor começam a ganhar espaço e eficiência, não haveria o progresso do século 19 e, consequentemente, não haveria nada que faz a vida hoje a soma de todas as possibilidades.

Mas o mais fascinante é que, se não houvesse a corrida do ouro no Brasil dos séculos 17 e 18, não haveria a revolução industrial. Quem financiou a grande mudança de patamar econômico do mundo, com todas os seus desdobramentos sociais, foi o ouro do Brasil, pago para os ingleses pela Coroa Portuguesa.

Cada momento é único e precisa ser visto na sua perspectiva. Querer julgar com olhos de 200 anos depois não pode dar certo.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

 

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.