Ordem nem sempre é ordem

Pouca coisa é mais confusa e incerta do que a ordem internacional. O que parece ser não é. O aliado não é aliado; o inimigo é o aliado… “Estamos juntos, mas estou com o outro.” “No nosso grupo não entra mais ninguém, até ser interessante para mim outro entrar.” E por aí vai. Pode mais quem chora menos.

Só que o que parece festa de carnaval tem alguma ordem, ainda que escondida da maioria das pessoas. Bilhões e bilhões de seres humanos dançam conforme a música, tanto faz se sabem dançar. É assim e ponto. Deus queira que você não esteja na hora certa, no lugar errado. 

Veja o que aconteceu com a Ucrânia. Mas ela é só mais uma na longa lista de barbaridade de todos os tipos que pipocam ao redor do globo em nome da boa vizinhança e da paz entre as nações.

A Ucrânia está na ordem do dia porque fica na Europa. De verdade, o mundo pouco se lixa com a Nicarágua ou o Sudão. Da mesma forma que tanto faz as dezenas de milhares de refugiados que não têm para onde ir. Por isso vão do jeito que dá, seja lá para onde for. 

Mas se você acha que isso é muito ruim – e é! -, imagine o que acontece aqui, com dezenas de milhares de pessoas em situação de rua e milhões em situação de vulnerabilidades de todos os tipos, de fome a feminicídio, de invasão de terra a queimada em zona rural.

Diz a lenda que o governo vai colocar ondem na bagunça, mas se olharmos de perto vamos ver que o governo não governa a bagunça, ao contrário, ele é empurrado de um lado para o outro, em assuntos tão diferentes quanto torcida de futebol e julgamento de processo envolvendo parente.

Entre secos e molhados, nada como a filosofia do pragmático príncipe siciliano: “Às vezes é preciso mudar para ficar como sempre foi”.     

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