A inflação é tinhosa
Você acha que não, que é tudo claro e transparente como as contas do governo, mas é mais complicado. Nem sempre o que você acha que é, é. Pode não ser e o não ser pode vir escondido como as táticas dos jogos de futebol adotadas pelos treinadores mais experientes.
Você vai ao supermercado e compra uma linda e saborosa caixa de sucrilhos. Volta para casa encantado com o preço que não aumentou e aí descobre, se tiver um pouco de sorte ou um recipiente antigo para guardar o sucrilho, que você pagou a mesma coisa, mas levou bem menos.
Isso mesmo, se você tiver uma caixa, lata ou outro recipiente para guardar o produto, vai descobrir que a embalagem atual traz menos sucrilho do que a embalagem de alguns anos atrás. A embalagem de alguns anos atrás tinha sucrilho para encher o recipiente e ainda sobrava uma dose do produto no saco original. Agora não. Agora, você joga todo o sucrilho dentro e ainda sobra espaço para mais uma dose. Ou seja, você foi tungado em duas doses. A que falta e a que sobrava. Só que o preço, ao longo do tempo, aumentou.
Estou usando o exemplo do sucrilho porque outro dia enchi minha caixa de guardar sucrilho com um saco novo e, mais uma vez, não encheu até a boca. Ficou faltando uma dose.
Eu já tinha feito o teste outras vezes. As embalagens vêm com menos produto, mas o preço, esse segue firme e forte na toada pra cima. Só que quando medem a inflação no supermercado, medem o preço, sem levar em conta a diminuição do conteúdo. Quer dizer, estão enganando a inflação, que segue firme e forte, disfarçada pela redução da quantidade do produto.
Pode ser sucrilho, chocolate, sabonete, doce de coco, farinha de trigo, refrigerante, cerveja etc. Tanto faz o produto, a redução da quantidade não é só dos fabricantes de sucrilhos. Mas quem paga a conta é você.
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