As lojas vazias

[Crônica de 27 de agosto de 2009]

Fazia tempo que eu não andava pelo centro velho, na região da Praça do Patriarca. Não pela minha aversão figadal ao Pórtico erguido na praça, nem por solidariedade ao Patriarca, que está de costas para o Pórtico, mas por falta de ocasião.

E ela veio numa ida à Associação dos Advogados de São Paulo, para o lançamento de um número da Revista do Advogado em homenagem a Esther de Figueiredo Ferraz.

Confesso que fiquei triste com o que eu vi. Lojas e lojas vazias, com as portas de ferro baixadas, grafitadas de todas as formas, desde belos desenhos até rabiscos feitos por vândalos.

Eu conheci o centro velho quando ainda fervilhava com alguns milhões de pessoas passando por suas ruas estreitas todos os dias.

Seus restaurantes eram permanentemente lotados. Seus bares inventavam os melhores sanduíches da cidade. As lojas vendiam feito água e os produtos eram de boa qualidade.

Agora, até as lojas de produtos populares já fecharam ou estão fechando. Antigas marcas, antes vivas no cotidiano das pessoas, simplesmente deram lugar para outros nomes, a maioria com certeza de vida curta.

É pena. Mas parece irreversível. Poucos estabelecimentos de peso dão mostras de acreditar no contrafluxo do que está acontecendo. Até a esquina, tempos atrás, ocupada pela tradicional Casa Fretin está vazia, com as portas abaixadas, em franco abandono.

E a explicação para isso está nas ruas e nas praças. A Praça do Patriarca vivia lotada. Hoje mal tem meia dúzia de gatos pingados que não param para escutar o apóstolo do apocalipse anunciando o juízo final.

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