A volta das vaquinhas

[Crônica de 20 de janeiro de 2010]

A CowParede retornou para São Paulo. É bom ter as vaquinhas de volta, se não for por nada porque alegram os olhos, fazem mais leve as agruras do trânsito, dão um tempo para os problemas de cada um, e nos unem no bom humor da ideia e na visão surrealista dos animais travestidos de todos os jeitos.

Cada uma é cada uma e não se confunde com as outras, ainda que saídas da mesma forma. As listas da bandeira norte-americana são diferentes de um campo de flores, que também é diferente de um projeto de computador, ou de uma vaca com uma tela de televisão incrustada nas costelas.

Elas estão em todas as partes, nos lugares mais inesperados, dando cor e riso para o pedaço da cidade onde escolheram estacionar.

Pode ser um posto de gasolina, a entrada de um shopping center, o canteiro central de uma avenida, ou a calçada de outra.

Tanto faz, estejam onde estiverem, elas são divertidas, fazem pensar coisas leves, e enfeitam os olhos.

O resto é bobagem, ou deveria ser. Exceto quando a correnteza do rio formado pelas águas da chuva, transformando a rua em córrego, pega uma delas de surpresa, e a arrasta, feito um saco de lixo. 

É triste ver a vaquinha tombar, desequilibrada, e ser arrastada pela enxurrada.

Mas é muito mais triste pensar que pessoas de verdade também são alcançadas pela mesma enxurrada e que também são arrastadas ou perdem tudo, em função das chuvas destrambelhadas que este ano insistem em cair copiosamente, sem se importarem se acabou o horário de verão ou se as vacas retornaram para nossas ruas.
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