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Droga K

O mundo das drogas é brutal, cruel e devastador. É claro que elas não são iguais, nem seus efeitos semelhantes. Algumas são muito mais pesadas e seus efeitos são, invariavelmente, uma sentença de morte, irreversível, torturante, sofrida e triste.

Não se trata de fumar maconha ouvindo Pink Floyd, num fim de tarde de verão, com as ondas quebrando na praia e o pôr do sol tingindo o mar. A viagem é em outra direção e o abismo no final não perdoa, cobra seu preço, destrói aos poucos, como o pescador que dá linha, depois puxa e deixa o peixe nadar de novo, de novo e de novo, até cansá-lo e embarcá-lo no ritmo certo, no zumbido da carretilha confirmando a pescaria.

Não é preciso mais do que andar pelo centro de São Paulo para ver os efeitos devastadores das drogas sobre o ser humano. O que se vê são zumbis se arrastando de um lado para o outro, dormindo nas portas dos prédios ou mesmo no meio das ruas, cercados pela sujeira, a miséria e a falta de esperança.

Quem não quiser viver a experiência ao vivo pode ligar qualquer canal de TV e assistir a marcha mórbida dos moradores da Cracolândia se arrastando de um lado para o outro ou atacando lojas e pedestres, movidos pelo desespero de arrumar alguma coisa de valor para trocar por uma pedra de crack ou, mais recentemente, por uma porção de Droga K, a nova sensação do pedaço, capaz de matar mais rapidamente do que o crack, depois de levar a uma viagem alucinante e depressiva, cheia de medo e dor.

Combater o crime organizado é muito complicado. E quem controla o tráfico de drogas são organizações extremamente bem montadas e administradas, que furam os bloqueios policiais e invadem a sociedade, trocando sonhos e vidas pelas drogas brutais que matam e destroem. A sociedade não pode baixar a guarda. Essa luta é de vida ou morte.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.