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Os buggys do zé nogueira

[Crônica de 29 de dezembro de 1997]

Os buggys! Há vinte e cinco anos um buggy era o máximo que alguém poderia desejar nos meses de verão. Pequenos, bonitinhos, simpáticos, com suas carrocerias de fibra e seus enormes pneus traseiros, os buggys eram os carros ideais para circular pelas nossas praias, numa época em que tomar sol sem protetor solar, ao contrário de hoje, só fazia bem.

Eu já contei de um amigo que queria roubar dois orelhões para transformá-los nos bancos de um buggy que ele nunca teve. Pois é, os carrinhos eram incrementados, mais com a imaginação do que com acessórios especiais, para despejar a potência de seus motores de fusca pelas ruas, estradas e praias, que não conheciam os congestionamentos que as fazem sucursais do inferno e tiram muito da graça de se estar nelas.

Os buggys marcaram época, numa época em que o legal era dar um Mug de presente, ou um Topo Gigio.

Aliás, era comum vê-los com os bichinhos pendurados no espelho, balançando no ritmo do carrinho andando, sem capota, quase sempre com mais gente do que cabia, pelas ruas dum Guarujá que era outro, ou de praias como Maresias, cuja viagem para se chegar lá levava horas, porque acontecia pelos areais das praias, cruzando rios que enchiam e esvaziavam com a maré, porque a praia era a própria estrada.

Depois, a época dos buggys passou… raramente, aparece um caindo aos pedaços, mais como um ex-carro destes que circulam pela periferia, do que como um buggy disposto a conquistar o mundo.

A exceção, fica por conta do Zé Nogueira. O Zé não tem um, o Zé tem dois buggys, sendo que um deles com dupla carburação.

Coisa de poeta? Sem dúvida nenhuma. Mas é isto que ele é! O Zé Nogueira é o poeta que tem a coragem de viver a poesia. O homem que vive a vida como se ela fosse uma enorme aventura e para quem o gostoso é estar participando dela, e não simplesmente assistindo-a, como um filme que nos faz chorar ou rir, com as emoções dos outros.

Bem-aventurado Zé Nogueira que vinte anos depois ainda tem 2 bugs e se diverte com eles!
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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.