A igreja de Santo Antonio
[Crônica de 15 de dezembro de 2009]
Uma das perversidades do portal do Patriarca é que ele esconde quase que completamente as construções em volta da praça.
Corcunda de Notre Dame, ele usa sua feiura incomensurável para tapar o pouco de belo que ainda permanece vivo no centro velho da cidade.
Entre as vítimas indefesas de sua sanha assassina é uma igreja que por fora não diz muita coisa, mas que por dentro se redime e mostra como era bela a arte simples dos paulistas da época colonial.
A igreja de Santo Antonio é dos templos mais antigos da cidade. Sua fundação remonta ao século 16, quando São Paulo não passava de uma currutela de boca de sertão, meio taba de índio, um pouco colégio jesuíta, com meia dúzia de casas para distingui-la das aldeias que permeavam a terra.
Depois de ser Sé da vila, ao longo dos anos, seguindo o destino de boa parte de nossas igrejas, começou a virar tapera, abandonada, sem cuidados, entregue ao tempo, ao ponto da imagem de Santo Antonio haver sido retirada de suas ruínas e levada para o convento de São Francisco, logo ao lado.
Reconstruída no século 18, com o tempo voltou a se transformar em ruína, até que no final do século 19, início do 20, foi reformada, passando a ter a cara que tem hoje.
Mas se é uma igreja quase insignificante por fora, por dentro Santo Antonio muda. A história é outra. Ela se transforma numa capela bem decorada, com pinturas interessantes, altares trabalhados e um teto maravilhoso.
Vale a pena visitá-la. Lá tem até lugar para vela e promessa.
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