As promoções dos shoppings centers

[Crônica de 11 de dezembro de 1998]

Todo fim de ano é a mesma coisa. os shoppings centers de São Paulo lançam promoções mirabolantes, para atrair o público e vender mais aproveitando a festa de Natal.

O Natal é, juntamente coma Páscoa, a única data antiga em que é hábito se dar presentes. As outras, incluídas o Dia das Mães e o Dia da Criança, são invenções recentes, a maioria de origem norte americana, criadas para aumentar as vendas das lojas e fazer circular a riqueza.

Mas existem natais e natais, alguns com crise, outros sem crise, sendo que estes últimos, no Brasil só existem nas histórias da carochinha e nas lendas indígenas, que nunca falaram do Natal. 

Na média, os natais brasileiros, faz muito tempo, descem escada abaixo, piorando ano após ano e custando proporcionalmente mais caro a cada Natal que passa.

Não tem jeito. Quando parece que vai, não vai. Falta um capítulo da lição de casa, e, como sempre acontece, é justamente esse que cai na prova, fazendo o país tomar bomba, mesmo com a imensa maioria da população dando um duro do cão para tentar arrastar a minoria que não estuda, que não passa e que arrasta os outros para o buraco.

É por isso que os shoppings centers precisam muita criatividade. Sem ela, eles ficam arriscados a não vender, ou a vender pouco, o que não acrescenta nada de bom à conta corrente de seus acionistas.

Acuados, com medo de um Natal pobre, resta-lhes inventar o impossível para buscar os clientes. E é isso que eles fazem com promoções tão disparatas como sortear barcos, ou aviões entre os felizes compradores que trocam suas notas fiscais por simpáticos cupons que lhes dão o direito de sonhar com barcos e aviões que é melhor não ganhar.

Isso mesmo, que é melhor não ganhar. Ou você já pensou no que fazer com um avião? Ou onde colocar um barco.
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