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As estradas lotadas

As estradas estão lotadas. A verdade não se aplica apenas aos finais de semana. Não, elas estão lotadas todos os dias, nos horários mais improváveis e com consequências mais ou menos trágicas.

É verdade, parte dos engarrafamentos poderia ser evitada se o Brasil não tivesse um belo contingente de gente esperta. Tem e não tem o que fazer. É assim, no passado era assim, mas menos, e no futuro deverá ser assim, só que mais.

A tranquilidade com que param as pistas da esquerda porque querem entrar à direita e a saída não dá vasão ao fluxo é inacreditável. Que se dane se a maioria quer seguir em frente pela rodovia que vai muito além daquela saída em especial.

Também tanto faz se a velocidade é cem quilômetros por hora e a pista da esquerda é reservada para os que querem correr mais. O cidadão vai pela pista da esquerda a menos de sessenta por hora e ninguém tem nada com isso. Se quiserem passar, passem pela direita, o problema não é meu.

Um bom número de engarrafamentos acontece não porque tem um acidente na pista, mas porque os outros motoristas querem ver o que aconteceu, especialmente se for um acidente grave. 

Todos sabem, tem mais carro do que estradas, mas isso é um problema antigo que ninguém vai resolver agora. Uma retrospectiva vai mostrar que poucas estradas foram construídas depois da década de 1990, mas o número de carros multiplicou várias vezes. Então as estradas, hoje, são avenidas por onde uma longa fila de veículos se arrasta lentamente, como acontece nas áreas urbanas às seis horas da tarde.

Quem agradece são os assaltantes. Com o trânsito caótico e invariavelmente parado, roubar os motoristas ficou fácil, tanto faz a estrada.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.