Eu também quero uma concessão
Eu também quero uma concessão. Pode ser qualquer uma, não sou exigente. Todas, tanto faz como, de uma forma ou de outra, dão dinheiro.
Se der certo, maravilha! A concessionária competente segue em frente, explora o negócio e faz seu dinheirinho, no lucro esperado e conseguido. Afinal, ninguém investe para perder dinheiro, ao contrário, o lucro faz parte do negócio.
Também pode não dar tão certo, mas ainda assim, dar certo. O concessionário não é tão competente, então não consegue gerenciar o negócio com muita eficiência, mas como o negócio é um monopólio, ele segue em frente e, com um pouco de sorte, reforça o lucro com um simpático aumento de tarifa autorizado pelo poder concedente ou pela agência reguladora encarregada do setor.
Mas não pense que aquele que não consegue deslanchar se dá mal. Não, não se dá. Invariavelmente, ao contrário, acaba recebendo um dinheiro extra para reequilibrar o caixa ou reverter prejuízos, porque nessas concessões não existe o risco do negócio, um dos pilares do capitalismo.
Não, na maioria das concessões, se der prejuízo, tanto faz o motivo, o concessionário pode reverter o quadro e buscar o lucro que ele deveria ter se tivesse competência para tocar o negócio.
Então, para que investir em eficiência se é possível ganhar da mesma forma entregando um serviço da pior qualidade? Por que colocar grana boa para refazer uma linha deteriorada se, operando do jeito que está, tem sempre uma desculpa, que é aceita pela autoridade encarregada, que, ainda por cima, dá dinheiro para continuar sem fazer o que deveria ser feito?
Todo brasileiro deveria ter direito a uma concessão. Se o governo adotasse o princípio, acabaria com a miséria. Como não dá, se fiscalizasse as concessões, acabaria com o mau serviço.
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