A catedral restaurada
[Cônica de 21 de maio de 2003]
Já faz algum tempo que a Catedral da Sé está restaurada. Ficou bonita, ou melhor, imponente. De novo, ela é um símbolo da pujança e do ecletismo de São Paulo.
Gótica, num país descoberto mais de 400 anos depois do fim da era gótica e erguida quando o barroco já era passado em qualquer lugar do mundo e o modernismo começava se impor, abrindo caminho para o reconhecimento de alguns grandes arquitetos brasileiros, a catedral da Sé combina com a cidade e com a mistura fantástica de estilos que permeiam o centro velho, e se espalham por todas as partes de São Paulo.
Não é uma igreja rica. Seus vitrais não se comparam a Chartres. Mas é uma igreja com alma, em volta da qual aconteceram vários episódios da história nacional, manchando de sangue a calçada da praça e purgando os pecados de mais de uma pessoa.
A catedral da Sé restaurada pode ser vista como o símbolo de um novo Brasil, mais humano. Mas pode também ser vista como a continuação do Brasil de sempre, com todas as mazelas e misérias que desde o começo nos condenam a sermos, como país do futuro, uma eterna promessa.
Entre as igrejas da cidade, a catedral ocupa um lugar de muito destaque. Pelo tamanho, pela cúpula, pelo interior imponente, pela iluminação que a faz misteriosa como uma verdadeira catedral gótica, pelas torres, finalmente acabadas.
É bonito ver a catedral da Sé restaurada. Bonito e faz bem para a alma. Mostra que apesar de tudo, na hora da verdade, o paulistano ainda ama sua cidade.
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