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As igrejas na quaresma

[Crônica de 8 de março de 1999]

Hoje é quarta-feira de cinzas. Houve tempo em que as pessoas, neste dia, para externar seu sofrimento, cobriam suas cabeças com cinzas, rasgavam suas roupas e choravam.

Era a forma de provar sua fé e mostrar sua imensa tristeza pelos padecimentos do Cristo, até sua crucificação, 40 dias depois.

Hoje os tempos mudaram e as penitências muito rigorosas perderam seu espaço, em nome de jeitos mais amenos de mostrar a fé e a crença na ressurreição do filho de Deus.

Quem sabe as que agem de forma mais acertada sejam as quaresmeiras, que se enfeitam de flores para saudar a redenção do homem na morte de Jesus.

As igrejas, como as árvores, também se vestem de roxo. Cobrem suas estátuas e seus adornos com panos escuros, para mostrar aos fiéis que é tempo de tristeza e de reflexão, de olhar no mais fundo da alma e fazer um balanço de todas as coisas que temos feito, as boas e as ruins, para nos arrependermos das segundas e insistirmos nas primeiras.

Entre todas as igrejas que eu já visitei na quaresma, a mais bonita de São Paulo é a igreja do Mosteiro de São Bento.

Severa em suas linhas alemãs, a igreja da velha ordem que desde 1.598 ocupa o largo que leva seu nome, é sempre uma das igrejas mais bonitas da cidade.

E nesta época, com suas imagens deslumbrantes recobertas de roxo, a luz de seu interior, iluminado através dos vitrais que enfeitam suas janelas, adquire um tom único, diferente do resto do ano.
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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.