Política
Hoje eu estou com você, sou seu secretário de estado, voto junto, juro fidelidade, vamos de braços dados pelas avenidas em defesa da democracia, e de noite vai cada um pra sua casa, comentar com os mais próximos os fatos do dia. O que cada um fala é problema de cada um, ninguém tem que saber o que se fala dentro de casa, o lar é sagrado e sua inviolabilidade é garantida pela Constituição.
Amanhã pode ser que não seja bem assim, que eu continue com você, mas não sei se tão fiel e tão lado a lado como estava ontem, ou no dia que entre juras eternas você me convidou para ser secretário de estado.
Pode acontecer de surgir um candidato novo no horizonte. Alguém com que eu não tenha nenhuma proximidade, mas que acene com promessas mais consistentes do que as suas, como ser candidato a vice na chapa dele, ou melhor ainda, ser candidato a senador que tem mandato de oito anos, ganha bem e tem imunidade absoluta.
Pode também acontecer de depois de amanhã não ser nada disso e tudo que eu disse ontem não valer mais. Aceito meu cargo de volta, mas topo até ficar em outra secretaria porque como em política não tem vácuo, você já deu meu antigo cargo para alguém, que hoje jura ser mais confiável.
Eu sei que aceitei ser seu secretário porque tínhamos os mesmos objetivos, ou pelo menos achava que tínhamos. Agora não tenho mais certeza de nada, ainda mais quando as pesquisas mostram que meu novo amigo está vários pontos à frente.
É verdade, ontem fechei um acordo definitivo para ser vice na chapa dele e ele é seu adversário nas eleições. Fazer o que? Não é nada pessoal, como dizia uma velha raposa política: “em política ninguém briga”.
Vamos jantar no restaurante novo que abriu no shopping da moda. Eu pago o vinho francês que nós vamos beber.
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