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Não é só aumento de custo, é assalto também

Eu sei que a indústria aeronáutica está em crise no mundo todo. Que os problemas vão desde o aumento dos custos das operações até o atraso na entrega de novas aeronaves, para não falar nos problemas de segurança e confiabilidade, como acaba de acontecer mais uma vez com jatos da Boing, que devem ficar no chão até se apurar as causas do último incidente.

Tudo bem, o problema não é nosso, mas aqui estão aproveitando a situação mundial para levar vantagem e vantagem indecente. Me desculpem as companhias aéreas, mas não tem sentido uma passagem de Uberaba para São Paulo custar 3 mil reais, só porque quem queria comprá-la decidiu alguns dias antes do voo. Apenas para comparação, a passagem de ida e volta, São Paulo-Uberaba e Uberaba-São Paulo, comprada com mais antecedência custa 600 reais. 600 reais, ida e volta! É um assalto cobrarem 3 mil reais só para ir, tanto faz a razão alegada.

Nem se diga que a passagem comprada na véspera fica mais cara por ato e graça do Espírito Santo ou de São João protetor dos paraquedistas. Aliás, se ela é oferecida por 3 mil reais é porque a aeronave não está cheia. O lugar está sobrando, então faria mais sentido ser vendida mais barato, para lotar o avião e maximizar sua capacidade. Mas não é isso que acontece e, diante do preço, a passagem não é vendida, quer dizer, o avião não vai lotado e a companhia aérea fatura menos.

O mais cínico na transação é que a companhia aérea oferece a passagem por 3 mil reais, mas oferece um serviço em terra e a bordo que não vale 50 centavos. É ruim em todos os sentidos, começando pela costumeira falta de pontualidade e pela espera dentro avião, invariavelmente com o ar-condicionado desligado. 

Ninguém é contra o governo ajudar as companhias aéreas, mas desde que elas prestem um serviço minimamente razoável para os passageiros.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.