Pernilongos, mosquitos, piuns e muriçocas
São Paulo foi tomada de assalto por uma onda de pernilongos apoiados por uma horda de outras moscas e mosquitos, como as mutucas e os “polvrinhas”. São milhões de objetos voadores claramente identificados, todos desesperados para sugar sangue – o seu sangue, tratado com tanto cuidado, à base de trufas e outras especiarias para deixá-lo mais fresco e cheiroso.
Quem agradece são os pequenos insetos voadores, especialmente as fêmeas, que picam e sugam com a competência de quem foi preparada para isso na sequência de milhões de gerações, que desbancaram os vampiros, especializadas com pós-doutorado na arte de chupar sangue.
Elas chegam com seu zumbido tenebroso, voam para cá e para lá em volta da sua cabeça e tchan! Picam e sugam rapidamente, deixando uma coceira chata como lembrança.
É verdade, poderia ser pior. Os frequentadores de Ilha Bela, Ubatuba, Mongaguá e região sabem o que são os borrachudos. Sabem do seu poder infinito de causar dor e inchaço com uma única picada, que nunca é única, porque eles atacam em bando e, quando um pica seu braço, outro já entrou de sola na sua perna e outros estão à espera na fila, prontos para ocupar todos os espaços, em nome do equilíbrio do meio ambiente.
Na Amazônia tem os piuns e as muriçocas. São terríveis e causam danos de monta, varando calças jeans com seus ferrões de fogo. Mas eles estão na Amazônia e nós estamos em São Paulo. Então, que a turma do norte conviva com seus piuns e suas muriçocas. Para nós, eles são indiferentes.
O que faz a diferença aqui são os pernilongos. Quem nos pica são os pernilongos. Quem trabalha com eles são os “polvrinhas” e o Aedes Egyptis. Deus tenha piedade da alma porque o corpo, este eles já sugaram.
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