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Pernilongos, mosquitos, piuns e muriçocas

São Paulo foi tomada de assalto por uma onda de pernilongos apoiados por uma horda de outras moscas e mosquitos, como as mutucas e os “polvrinhas”. São milhões de objetos voadores claramente identificados, todos desesperados para sugar sangue – o seu sangue, tratado com tanto cuidado, à base de trufas e outras especiarias para deixá-lo mais fresco e cheiroso.

Quem agradece são os pequenos insetos voadores, especialmente as fêmeas, que picam e sugam com a competência de quem foi preparada para isso na sequência de milhões de gerações, que desbancaram os vampiros, especializadas com pós-doutorado na arte de chupar sangue.

Elas chegam com seu zumbido tenebroso, voam para cá e para lá em volta da sua cabeça e tchan! Picam e sugam rapidamente, deixando uma coceira chata como lembrança.

É verdade, poderia ser pior. Os frequentadores de Ilha Bela, Ubatuba, Mongaguá e região sabem o que são os borrachudos. Sabem do seu poder infinito de causar dor e inchaço com uma única picada, que nunca é única, porque eles atacam em bando e, quando um pica seu braço, outro já entrou de sola na sua perna e outros estão à espera na fila, prontos para ocupar todos os espaços, em nome do equilíbrio do meio ambiente.

Na Amazônia tem os piuns e as muriçocas. São terríveis e causam danos de monta, varando calças jeans com seus ferrões de fogo. Mas eles estão na Amazônia e nós estamos em São Paulo. Então, que a turma do norte conviva com seus piuns e suas muriçocas. Para nós, eles são indiferentes.

O que faz a diferença aqui são os pernilongos. Quem nos pica são os pernilongos. Quem trabalha com eles são os “polvrinhas” e o Aedes Egyptis. Deus tenha piedade da alma porque o corpo, este eles já sugaram.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.