A sensação é outra

Em algum lugar, a conta não fecha. Quem sou eu para discutir com os economistas que analisam o quadro nacional e determinam qual é a taxa de inflação? Se eles dizem que a inflação é de tanto, eu não tenho a menor condição de discutir com eles. É aceitar os números e tudo bem.

Só que não é tão simples assim. Há uma sensação que ataca a maioria da população e que aponta na direção oposta da informação dada sobre a queda dos índices da inflação.

Essa sensação fica mais forte cada vez que alguém vai ao supermercado. Um produto pode ter tido redução de preço, ou dois, ou três, mas não tem mágica. Na hora que a máquina do caixa fecha a conta, ela vem invariavelmente maior.

Não é só sensação, é o valor grafado. Mês a mês está maior e a compra não é muito diferente da compra anterior. Então, em algum lugar, o preço está subindo. Como não se espera que a máquina do supermercado esteja programada para adulterar o total da conta, dando um extra para o estabelecimento, tem algo de estranho no reino da Bela Adormecida.

A diferença é sentida por pobres e não tão pobres. Não tem mês que as pessoas não reclamem que os preços estão pela hora da morte. E no mês seguinte a reclamação cresce.

Além disso, a velha estratégia de reduzir o conteúdo das embalagens, mantendo o preço cheio, tem sido percebida em dezenas de produtos.

Ora, se os preços sobem, seja porque sobem, seja porque as quantidades vendidas estão menores, mas o preço não, tem alguma coisa estranha acontecendo e confrontando o número informado e o número sentido. Eu sei que a conta para medir a inflação é complexa e envolve várias variáveis, mas também sei que a sensibilidade da população não costuma falhar. Em algum lugar, a conta está pegando…

___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.