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Tudo tem explicação

A melhor explicação para a fuga de dois detentos do presídio de segurança máxima de Mossoró é o furto de uma máquina de cinco toneladas da Cidade da Polícia, no Rio de Janeiro.

Ninguém concebe uma ação dessa natureza. Como é que conseguem furtar uma máquina de cinco toneladas sem ninguém ver nada, nem dar conta de que tem algo errado? Mais ainda, como é que conseguem furtar essa máquina de um local teoricamente muito bem guardado e protegido, como seria o caso da Cidade da Polícia.

Pois é, a explicação da fuga dos detentos da penitenciária de Mossoró segue a mesma lógica. Ninguém imaginaria que seja possível fugir de uma penitenciária de segurança máxima do Governo Federal, construída para não ter fugas, como é o caso de Mossoró.

As instalações têm não sei quantas medidas de proteção, que deveriam atuar em conjunto para impedir a fuga dos detentos, e, no entanto, dois fugiram, depois de atravessarem meia cadeia sem ninguém saber de nada, até chegarem na cerca, que eles cortaram sem problemas e que não tinha alarme para avisar que estava sendo violada. 

A situação fica ainda mais parecida com o furto da máquina da Cidade da Polícia quando se descobre que a fuga só foi avisada dois dias depois, quando os fugitivos já tinham metido o pé na estrada e estavam no bem bom de um sítio onde parece que ficaram escondidos por uma semana, recebendo ajuda de gente da região, que foi até comprar roupas para eles numa loja na cidade.

A única diferença entre os dois casos é que, enquanto o Ministro da Justiça falou de Mossoró, o Governador do Rio não abriu a boca. Mas isso é um mero detalhe que não invalida a explicação. Para finalizar, um dado otimista: menos de uma semana depois, acharam a máquina.

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Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.