Política é coisa séria
Política é coisa tão séria que um antigo cacique brasileiro disse com todas as letras: “em política só é feio perder eleição”. Ou seja, o negócio é ganhar e para isso vale tudo, de chute abaixo da cintura até dizer que as urnas eletrônicas não são confiáveis e podem ser invadidas por hackers, mesmo não estando ligadas à Internet.
O problema das eleições brasileiras é que votamos e, uma semana depois, não lembramos quem foi o deputado federal ou o deputado estadual ou o vereador que mereceu nosso voto. Ok, para presidente, governador e prefeito nos lembramos, mas só eles não governam. E temos a assombração do vice como fato concreto, que interfere na vida nacional com mais frequência do que seria desejável.
Diz a lenda que isso é herança portuguesa, que nossas mazelas vieram da Colônia e se consolidaram no Império. Uma leve passada pela história vai mostrar um quadro diferente. A época menos complicada é justamente o Segundo Império. Depois dele, a vaca foi para o brejo, numa enorme mistura de oligarquias, militarismo, populismo e a promessa de fazer o melhor, tanto faz o que seja isso, em regimes nem sempre com base democrática.
A soma de todos os interesses gera o interesse maior. Para quê dar saúde e educação? Se o país fizesse isso a sério, em uma geração, nenhum dos atuais líderes seria eleito ou seus partidos se manteriam mordendo o dinheiro público, em nome de desculpas esfarrapadas.
Política é coisa tão séria que em nome do bem do povo temos, além dos políticos, juízes, promotores, milícias digitais, milícias não tão digitais, milícias que dominam o crime organizado com as facções criminosas… E por aí vamos, numa enorme sequência de desmandos de todos os tipos que não nos deixam bonitos na foto, mas enche os bolsos de muita gente.
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