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Tiradentes e o descobrimento

[Crônica de 21 de abril de 2003]

Hoje é o dia de Tiradentes. Comemoramos a Inconfidência Mineira, o grito de liberdade, abortado nas serras de Minas de Gerais, no final do século 18. É uma data importante porque nela o mito serve de parâmetro para o certo e o errado, o bom e o mau, dando a rota de um grande destino para uma grande nação.

Amanhã é 22 de abril. Foi nesse dia, lá se vão mais de 500 anos, que a frota portuguesa, comandada por Pedro Álvares Cabral aportou no litoral da Bahia.

Era a maior frota já lançada no Atlântico e tinha como missão fundamental sedimentar a conquista da Índia, descoberta poucos anos antes por Vasco da Gama.

Parou na costa brasileira, depois de alargar a curva atlântica, como que de propósito para chegar na terra que eles provavelmente já conheciam, de pelo menos uma viagem anterior.

Qual data a mais importante? O descobrimento da maior nação de língua portuguesa do mundo, ou a revolta fracassada e o enforcamento do Alferes sobre quem recaiu o grosso da culpa?

Sem o descobrimento não haveria a Inconfidência Mineira, mas com ou sem a Inconfidência a história brasileira continuaria como continuou, sem maiores mudanças até D. Pedro e José Bonifácio acertarem os ponteiros e imporem nossa independência.

Hoje é feriado. Amanhã não é. Num país onde os feriados se multiplicam na velocidade do som, é no mínimo estranho. Ou seria de propósito, como tanta coisa que se faz por aqui, com ar de sem querer?
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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.