Andar de carro é muito arriscado
Ninguém discute, o trânsito na cidade de São Paulo entrou em colapso, a cidade parou e para a cada dia um pouco mais. Nem se a CET fosse competente – o que é sabido que ela não é –, daria jeito de arrumar o drama. O caos avança e há pouco que as pessoas possam fazer para sair da enrascada.
Se fosse possível não sair de casa, com milhões de pessoas ficando em casa, haveria uma chance, mas a soma perversa da necessidade de se sair de casa com a falta de transporte público suficiente e de qualidade complica as coisas e dá no que nós vamos vendo, em todos os cantos, inclusive em ruas onde não havia trânsito e que agora, por conta dos desvios sugeridos pelos aplicativos, estão tão congestionadas quanto as grandes avenidas que há décadas travam o entorno e param a cidade.
É verdade, a falta de competência da CET, a antiga e conhecida falta de competência da CET, não ajuda em nada. Ao contrário, os semáforos sem sincronia só pioram o quadro.
Mas colocar a culpa em quem não é o grande culpado seria arrumar desculpa esfarrapada para uma situação que não tem o que fazer e que não tem culpado, nem em ano de eleição.
Claro que tem candidato que vai usar o argumento como fato decisivo para mostrar a incompetência do outro, mas quem cair na ladainha vai descobrir que, depois da eleição, seguirá tudo como está porque não tem o que fazer para melhorar, pelo menos no curto prazo.
O grande problema é que as pessoas vão ficando cada vez mais irritadas e agressivas e, além de não respeitarem nada, começam a brigar com os outros, como se alguém fosse culpado pelo seu atraso.
É um quadro triste, mas que não é diferente de outras grandes cidades do mundo. O melhor exemplo é Lisboa, a doce Lisboa, num final de tarde.
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