Demorou mas chegou

[Crônica de 21 de maio de 2001]

Quando eu morei na Alemanha, há mais de vinte anos, os ônibus alemães já tinham uma altura do chão mais do que suficiente para atender as necessidades de 99,9% de seus passageiros. Ao contrário da imensa maioria dos ônibus ainda em circulação no Brasil, naquela época, os ônibus alemães já tinham degraus que desciam e subiam, quando ele parava nos pontos.

Eu sei que é loucura tentar comparar um ônibus pelo qual você acerta o relógio, e que tem seus horários pregados em cada ponto com os ônibus brasileiros, mas, não custa contar que, além de fáceis de entrar e de sair, com portas largas, desenhadas para receberem cadeiras de rodas e carrinhos de nenê, os ônibus alemães também cumpriam horário, com bastante eficiência.

Desde aquele tempo eu pergunto por que, sendo as grandes fabricantes de ônibus brasileiras subsidiárias das mesmas empresas que montam os ônibus alemães, os nossos ônibus continuavam sendo montados como caminhões adaptados e o curioso é que ninguém, nem no governo, nem fora dele, nunca respondeu nada.

Agora, finalmente, depois de mais de 20 anos de defasagem, parece que são Paulo vai receber ônibus mais inteligentes, que deixarão de ser uma tortura para quem tem pernas curtas e uma discriminação contra cadeiras de rodas e carrinhos de nenê.

Com a chegada dos ônibus com degraus que abaixam até o nível da calçada é de se esperar que, dentro também, eles sejam mais inteligentes do que seus irmãos em uso e fabricação.

Se tiverem os motores instalados de outro jeito e os bancos instalados com outro desenho, pessoas mais velhas, usuários de cadeiras de roda e carrinhos de nenê poderão se servir deles, democratizando o transporte público e melhorando em muito o conforto de quem os usa.
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