As árvores da rua Piauí
[Crônica de 3 de agosto de 2005]
A rua Piauí não é das ruas mais chiques de Higienópolis. Várias outras são mais famosas e mais charmosas. Ela tem ônibus, que também não ajuda. E, dependendo do pedaço, bate pouco sol nos apartamentos.
Mas a rua Piauí, especialmente nos últimos quarteirões, tem árvores maravilhosas. Paus ferros, araucárias, figueiras e jacarandás convivem harmoniosamente com outras árvores menos nobres ou exóticas, como as tipuanas comuns em quase todas a ruas do bairro.
É bonito ver as árvores da rua Piauí. Na medida que as araucárias hoje quase não existem mais na cidade de São Paulo, onde eram nativas e abundantes a ponto de darem o nome do bairro de Pinheiros, encontrar um pinheiro solitário no jardim do prédio logo depois da praça Vilaboim é como que achar um tesouro, ainda que sabendo que a árvore não é nativa, mas que foi plantada por alguém com bom gosto e que também gosta de árvores.
Para não falar nas figueiras, logo na divisa do lugar onde a rua muda de nome, passando a se chamar Rio de Janeiro. Aliás, por uma questão de precisão na plotagem, as figueiras já estão na Rio de Janeiro, o que não tira o encanto da rua Piauí, nem diminui a importância de suas árvores, algumas quase que únicas no pedaço.
Mas a rua Piauí tem mais uma característica. Ao longo do seu percurso ela tem duas praças. Uma grande, a ponto de atualmente se chamar parque e outra pequena, menos que um quarteirão normal.
A praça Buenos Aires é uma joia encravada na cidade, mesmo agora se chamando parque, do que ela não tem nada. E a praça Vilaboim é uma graça, em seu triângulo arborizado, ainda que com as tipuanas caindo, porque estão bichadas e velhas.
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