Nas esquinas da cidade
As esquinas de São Paulo são, no mínimo, lugares muito curiosos. Se vê um pouco de tudo, da miséria à malandragem, da riqueza à generosidade, da falta de educação à civilidade.
Se vê policiais e não policiais, gente em situação de rua e gente caminhando pelas ruas. Motoqueiros e carros disputando o espaço, como se fosse coisa de vida ou morte, ou salvar os pais da forca, sair na frente no instante em que o semáforo fica verde.
Tem esquina sem semáforo, esquina com semáforo e, invariavelmente, esquina com semáforo com problema. Nada a fazer. A CET não dá conta do recado faz muitos anos, desde que a cidade importou semáforos inteligentes e eles descobriram que eram mais inteligentes do que os agentes da companhia de trânsito.
Algumas esquinas têm trilhos plantados nas calçadas. Sinal claro de que ali os caminhões podem acabar na sala de visita da casa atrás da calçada. Outras esquinas têm árvores plantadas. Normalmente grandes tipuanas, às vezes um ipê ou uma sibipiruna.
Mas as esquinas vão além e apresentam a fauna urbana com todos os detalhes, que fazem da cidade um universo único, com contrastes se contrapondo a outros contrastes e a vida correndo solta, em toda sua crueza.
As esquinas têm crianças com seus pais e crianças com outros adultos que fingem ser seus país, no afã de ganharem algum dinheiro, porque a situação de milhões de brasileiros é de vulnerabilidade e fome.
As esquinas têm poesia. A poesia concreta da vida em pleno andamento. É bonito e não é bonito. Mas, acima de tudo, mostra a diversidade da cidade, em situações as mais inesperadas ou na rotina simples de caminhar pela calçada.
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