As Cerejeiras da USP
A USP não é a famosa avenida de Washington onde as cerejeiras dadas pelo Japão dão show todos os anos. Também não é a encosta do Monte Fuji, que se recobre de rosa com suas flores.
A USP tem meia dúzia de cerejeiras, plantadas quando da visita do imperador do Japão, então príncipe herdeiro. Faz tempo que isso aconteceu, mas a Casa do Japão na Universidade preserva os laços de amizade e cooperação entre os dois países.
Japão e Brasil tem em comum traços de cultura, trazidos para cá por uma das maiores comunidades japonesas fora do Japão. Ela se espalha principalmente pelo Estado de São Paulo, Capital e interior, com centros mais fortes, mas com descendentes de japoneses em todas as regiões.
É por isso que as cerejeiras da USP se superam todos os anos. Como são poucas, ou dão tudo de si, ou não enfeitam o pedaço, o que poderia impor o ritual do Haraquiri por frustrarem as expectativas.
Elas estão floridas e a curva do caminho que passa ao lado do monumento em homenagem a amizade entre os povos está em festa, com as flores dando seu recado de paz e perfeição, em contraponto as loucuras que ensandecem o mundo em guerras, brigas, radicalismos e estupidez.
As cerejeiras da USP lutam bravamente para cumprir seu papel de incentivadoras da harmonia e da paz. Suas pétalas trazem o encantamento da perfeição em peças suaves que se completam e complementam.
As cerejeiras da USP sabem que depois dela virão os ipês muito maiores e agressivos, e que além de tudo, têm em seu número mais uma arma poderosa para se lançarem como os campeões da flora da cidade.
Mas elas também sabem que eles são seus aliados e que a luta de uma é a luta do outro. Então elas dão o máximo para cobrarem dos ipês uma entrega no mínimo igual. Quem ganha somos nós.
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