Oscar é para profissional
O Brasil tem Oscar. Demorou tempo, 25 anos, entre “Central do Brasil” e “Ainda estou aqui”. O diretor permaneceu o mesmo, mas a grande atriz avançou uma geração: a filha ocupou o lugar da mãe. Cinema é coisa séria e precisa ser tratado a sério, como qualquer outro negócio.
Cinema é arte? É, mas também é negócio e movimenta bilhões de dólares todos os anos. Algo de estranho? Tanto quanto Michelangelo ou Da Vinci, na Renascença. Pintura e escultura eram arte, mas também eram negócio, tanto que Michelangelo era das pessoas bem pagas da Europa.
Einstein dizia que a colaboração do gênio era menos de 5%, o resto era estudo, dedicação e esforço. É isso que nós ainda não aprendemos direito. No Brasil, ainda tem muita gente que acha que só talento faz a festa. Não faz. Nossos grandes artistas eram e são profundos conhecedores da sua profissão. Portinari não foi Portinari por acaso; Tom Jobim não brilhou nos Estados Unidos porque tocava um piano legal; Carlos Gomes não se impôs em Milão porque escreveu uma ópera com índios.
E nossos craques em todos os esportes não chegaram lá porque têm um joguinho mais ou menos. Pelé treinava incessantemente. Guga também. E Ronaldo Fenômeno, Cacá e tantos outros faziam a mesma coisa.
Não tem por que no cinema ser diferente. Não é. Fazer filmes é para profissionais. Diretores, atores, fotógrafos, montadores e todos os envolvidos na realização de um filme, para o filme ser bom, são profissionais altamente competentes no que fazem.
Um filme brasileiro ganhou o Oscar de melhor filme internacional. Mas “Ainda estou aqui” não chegou lá porque é simpático. Não. É um grande filme, que teve, para completar, uma competente campanha a seu favor. Oscar não é para amadores. Por isso, quem chegou lá foi Walter Salles, Fernanda Torres, Selton Mello e uma equipe muito profissional.
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