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As paineiras chegaram

Neste momento de incertezas globais, onde ninguém sabe o que é começo e o que é fim, ou se ao menos tem um meio, com parceiros e aliados sendo deixados de lado sem a menor cerimônia, em nome da megalomania de um único homem, as paineiras florirem traz um instante de normalidade, de certeza na ordem natural, nos movimentos dos astros e no brilho dos planetas, alinhados ou não no seu canto de universo.

As paineiras floriram na hora esperada para elas florirem, nem antes, nem depois. Quer dizer, dentro da rotina universal, na qual cada coisa é no seu momento, exatamente, dependendo dos humores dos astros. 

A lua segue seu curso, o sol segue seu curso, os movimentos de rotação e translação seguem seu curso, então, as paineiras florirem não é mais do que a confirmação do que o caos instalado entre as nações tenta esconder: o universo é muito maior e tem regras que nós humanos, por mais poderosos que sejamos, não temos a menor condição de mudar.

Não temos, nem mudamos, tanto faz a quantidade de ordens, decretos, violações da lei, desrespeito a Constituição, escanteamento da ONU ou qualquer outra ação baseada na força bruta esmagando a pena, incluída a utilização dos arsenais nucleares.

As paineiras florirem pode ser lido como um atentado contra a prepotência, a estupidez, a sandice e outros substantivos e adjetivos cabíveis para definir e dimensionar o quadro.

Aliás, elas não estão nem aí para o ódio descabelado dos atores em suas cenas mais desesperadas. Elas florescem e é isso. Florescem e pouco se lixam para o que pensam os que não querem saber de sua florada, que não querem saber de flores, que acham que a solução é força bruta pela força bruta, como se voltássemos ao tempo dos primeiros hominídeos e os porretes que usavam para rachar o cérebro do próximo.       

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.