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O nome das pontes

Imagine se um prefeito de Nova Iorque, ou sua Câmara Municipal, teriam a coragem de mudar o nome da Ponte do Brooklin para Ponte Thomas Edison. A ideia não cabe nem no pesadelo mais horroroso que um deles pudesse ter. Mexer no nome da ponte seria destruir parte da história da cidade, renegar seu passado e todos que fizeram parte dele.

Imagine se o prefeito de Londres trocasse o nome da Ponte de Londres para Ponte Margareth Tatcher. Seria uma ideia de profundo mau gosto, na contramão das tradições britânicas, que apagaria parte da história do país, seu passado glorioso, a sucessão das dinastias, as guerras e as execuções na Torre próxima, na verdade uma enorme fortaleza.

Imagine se o prefeito de Paris, depois de longas e caras obras de restauro, trocasse o nome da Pont Neuf para Pont a Gauche, ou Pont du Soleil, ou qualquer outro nome, por mais atual e descolado que fosse.

Pois é, nenhum deles seria louco ou irresponsável a esse ponto. Todos têm noção de seus limites e que eles passam, enquanto os marcos das cidades permanecem.

Imagine um turista pedir ao taxi em Nova Iorque que o leve a Ponte do Brooklin e o motorista lhe responder, “desculpe, mas nós não temos essa ponte”. Ou a mesma resposta para a Ponte de Londres ou a Pont Neuf.

Seria patético, como é patético a Ponte Cidade Jardim não se chamar mais Cidade Jardim, mas com a prefeitura internamente seguir usando o nome com que ela foi inaugurada e passou a ser marco da cidade, em vez do nome atual, escrito na enorme placa pendurada na sua lateral.

Quando Andrea Matarazzo foi secretário municipal, ele encontrou a solução para não magoar ninguém. Aliás, que segue em uso nas outras pontes, mas não na Cidade Jardim. As placas passaram a ter os dois nomes, o original e o novo e todo mundo ficou feliz.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.