Será que é só a primavera?
A primavera esse ano está complicada. Um dia faz calor, no outro faz frio e chover que é bom, até agora muito pouco. Só que sempre foi mais ou menos assim. Quem se lembra da última grande crise hídrica vai lembrar que a primavera daquele ano também oscilou e entre frio e calor, não choveu, como não está chovendo agora.
O governo está certo de reduzir a vasão do Cantareira, ninguém sabe quando o tempo muda e a chuva entra para valer. Como dizia um antigo político paulista: canja de galinha e cautela nunca fizeram mal a ninguém. É hora de ter cautela, não dá para brincar com o clima em época de emergência global.
De qualquer jeito, temos que tocar em frente no meio da seca e da poeira infernal que a poluição aumenta com um risinho de crueldade, igual bandido de desenho animado.
Dizem que em outubro a coisa muda. Nós estamos em outubro e ainda não mudou. Pode ter começado, mas é cedo para cantar vitória e fazer marcha triunfal. Para o clima voltar atrás é um minuto ou menos que isso.
No meio tempo vamos vivendo ventanias, tornados e vendavais que arrancam o que encontram pela frente e deixam um rastro de destruição ao longo do caminho.
Dizem que é a primavera. A inconstância da primavera que lembra as heroínas dos romances do século 19, no seu vai e vem lacrimoso, invariavelmente movido a tuberculose.
Mas eu pergunto, será que é só na primavera que as coisas vão como vão? Faça um balanço dos últimos meses, para ficar só nesse ano. Quantas vezes o clima fez que ia e não foi, ou foi, fora da curva, para pegar todo mundo com as calças na mão?
Do jeito que vai, vai mal e dá um medo!
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