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Os ipês rosa encerram a temporada

Os ipês-rosa, seguindo o ritmo da florada dos ipês em 2025, se despedem em grande estilo. As árvores se superaram, igualaram o show dos outros ipês, especialmente os amarelos que este ano foram além do razoável, enfeitando a cidade com seu ouro puro, primeiro nas árvores, depois nas calçadas, criando um tapete mágico, ligando a cidade ao universo. A rota do sonho.

Tem quem entende de árvores e quem gosta delas. Eu estou no segundo grupo, não sou especialista em botânica, mas sou fascinado pelo mundo vegetal e sua capacidade incrível de criar o inusitado como se fosse rotina, nas cores das flores, nas raízes das plantas, no emaranhado das matas.

Cada árvores é única. Tem quem diga inclusive que cada uma tem dentro de si uma ninfa, ou ente das matas que lhe dá vida e características próprias. Cada peroba é única, cada ipê é único, cada vasinho de violeta também é único, com sua plantinha se lançando no espaço, com a mesma certeza dos grandes jacarandás.

Os ipês-rosa vieram fechar a sequência deslumbrante da florada dos ipês. Em ordem, primeiro os roxos, depois os amarelos e os brancos, para o ciclo se encerrar na queda das flores dos ipês-rosa.

Os ipês-rosa estão saindo de cena, prometendo mais beleza e encantamento para o ano que vem. Mas eles não fazem isso para agradar os homens ou tornar nossa vida mais fácil. Não, os ipês são árvores cheias de si, sabem das coisas, entre elas da fragilidade humana diante dos grandes movimentos que sacodem o planeta.

E eles se divertem vendo nosso desespero, parados nas ruas congestionadas, respirando ar poluído, ouvindo as maiores barbaridades, como se o normal fosse isso. Eles sabem que não é.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.