Jacarandás e sibipirunas
Os ipês, muito a contragosto, cederam a vez. Acabou seu tempo, por mais que alguns insistam em permanecer floridos, é hora de tirarem o time de campo, vestirem suas folhas verdes e esperarem a hora da volta, só no ano que vem.
Até lá, outras árvores terão seu momento, seu instante de glória, para felicidade da cidade que segue florida em boa parte de sua área onde as plantas são bem-vindas e cumprem seu papel.
É curioso, São Paulo tem uma parte arborizada e outra praticamente sem árvores, nua de verde, como se o cinza tivesse o privilégio de ser dono dela, nos muros, no ar, nos corações. O mais curioso é que é justamente nas áreas onde predomina o cinza que é mais difícil plantar novas árvores.
Os donos do pedaço simplesmente não permitem. Plantar por quê? Aqui não, aqui o cinza segue mandando e ninguém, absolutamente ninguém, vai fazer graça e plantar árvores. Nós não queremos e, como quem manda somos nós, não vão plantar.
É triste, mas é assim mesmo, é justamente nas áreas mais necessitadas, menos arborizadas, onde o cinza impera soberano, que é quase impossível se plantar novas árvores nas ruas. Moradores e outros interessados não deixam e, se plantam, invariavelmente eles arrancam.
Enquanto isso, nos lados onde o verde faz parte da paisagem a e as flores ocupam seus espaços no momento certo de cada árvore, com a saída dos ipês, acontece a chegada dos jacarandás e das sibipirunas.
Os primeiros, primos legítimos das árvores que enfeitam Lisboa, enchem o céu com seu roxo peculiar. E as segundas, com sua florada de florezinhas amarelas, fazem a festa e encantam a cidade, abrindo de novo o caminho para as estrelas. Entre árvores as mais variadas, São Paulo ao longo do ano tem sempre uma flor para chamar de sua.
___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.