A pancada é mais embaixo
E os furacões decidiram mostrar que precisaremos criar o grau 6, que o grau 5 está no limite e que em pouco tempo estará ultrapassado. Não tem o que fazer, a escalada da natureza é muito mais poderosa do que nossas contramedidas para tentar contê-la.
Não dá nem para o começo. O vento faz que vem e vem, com chuva e o mais que dá para trazer, como casas, caminhões e pedaços de sonhos desfeitos no rodamoinho gigante que se abate sobre a terra com a violência de Zeus destruindo os Titãs.
Nunca se viu algo semelhante nos últimos 200 anos. E é só o começo, este ano ainda poderemos ver outros fenômenos tão ou mais devastadores.
Não tem o que fazer, deixamos a água do mar esquentar e ela agora cobra seu preço. Se o furacão subiu pelo Caribe, as tempestades podem se espalhar por áreas muito mais vastas, que vão daqui até lá longe, para cima e para baixo, indiferentes ao que nós achamos. Até porque para elas, nós não achamos, o máximo que conseguimos é tentar nos esconder e mesmo assim sem muita certeza do sucesso.
Contra a natureza enfurecida há muito pouco a ser feito. Nós deixamos para trás os momentos de acender velas, fazer promessas, tentar negociar com as potestades. Agora é olho no olho e se der para sair correndo, correr como se tivesse um leão na nossa cola.
Não tem o que fazer, vamos perder com a certeza do diabo. O Diabo sabe que vai perder sempre, por isso cada um que ele leva é uma enorme vitória. Para nós é a mesma coisa, a vitória é conseguir ficar vivo, no meio dessa lambança, sem começo, nem fim.
Os eventos primários são devastadores, furacões e tempestades levam aos eventos secundários, também devastadores. Inundações e incêndios matam, destroem e seguem em frente. O resto é poesia.
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