Pitanga é pitanga
Jabuticaba é jabuticaba, melão é melão, mamão é mamão, graviola é graviola e pitanga é pitanga. Não se confundem, cada uma é cada uma e têm o gosto típico da sua espécie.
A jabuticaba se opõe ao vermelho da pitanga, não porque sejam inimigas, mas porque cada uma ocupa seu espaço e tem suas técnicas para melhorar cada vez mais a arte de espalharem suas sementes por esse mundão de deus.
Da mesma forma, graviola e cajuzinho não são a mesma coisa, nem pretendem ocupar o espaço do outro na longa lista das árvores frutíferas brasileiras.
Bom deixar claro. Manga, abacate e coco da Bahia não são frutas brasileiras. Quando Cabal descobriu o Brasil não tinha um único coqueiro, nas praiais baianas. Como não tinha coqueiro em São Vicente, Santa Catarina, Cananéia ou qualquer outro trecho da costa, incluídos Fernando de Noronha e São Pedro e São Paulo.
Fruta brasileira é fruta brasileira, a maioria quase mais ninguém conhece. Quem sabe como é o araçá, ou a graviola? Quem sabe como é o pinhão da araucária?
O Brasil tem centenas de frutos que pouca gente conhece. Frutos que descem do norte para o sul e se apresentam com jeito próprio, cor, tamanho e gosto especiais e uma tradição de doces que vai se perdendo em nome da industrialização que preserva a goiabada, a bananada, a marmelada e mais meia dúzia de compotas, a maioria feita com frutas vindas de fora.
Diz a lenda que as divindades das matas gostam das frutas da mata. Diz a lenda, que esses frutos são mágicos e fazem a diferença nas aventuras com os encantados. Sei lá, seja como for, eu não abro mão de comer pitanga no pé. Se não servir para nada é muito gostoso.
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