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Comunidades o jogo é duro

Uma amiga que trabalha no setor, um dia me explicou que as comunidades mais carentes são as erguidas ao lado das linhas de trem. Eu não tinha noção disso, mas a explicação faz sentido, são as regiões mais inóspitas e perigosas, o que faz com que todos que tenham chance de escolher um local mais amigável optem por não erguer seu barraco ao lado das linhas de trem.

Não que algumas outras comunidades não sejam carentes de quase tudo. Comparadas com as duas grandes comunidades paulistanas, Heliópolis e Paraisópolis, consideradas as melhores, essas áreas ocupadas, por dezenas de milhares de pessoas, sujeitam seus habitantes a toda sorte de privações, de água à esgoto, de energia elétrica à falta de segurança, passando pelos riscos de desmoronamento, enchentes e incêndios, além dos riscos à saúde.

São Paulo tem comunidades carentes espalhadas por todas as zonas de sua imensa área. E tem também dezenas de milhares de moradores de rua que não conseguem sequer um barraco numa favela. Vivem espalhados debaixo de pontes e viadutos, dormem debaixo das marquises dos prédios, nos bancos de praças, em desvãos nas áreas mais inesperadas.

É verdade, tem pessoas que vivem nas ruas porque querem, mas a imensa maioria vive em situação de vulnerabilidade de moradia por absoluta falta de condições de encontrar um lugar melhor para morar.

As pessoas que vivem nas ruas não são apenas adultos solitários. Famílias inteiras, pais, mães e filhos, pelas mais diversas razões, moram nas ruas e não têm muitas opções para saírem delas.

Se não for o quadro social mais dramático, é sério e encontrar solução para ele não é fácil, nem simples. As pessoas em condição de rua não são culpadas, são as maiores vítimas de uma realidade inaceitável.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.