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Reinvenção das bancas de jornal

A atividade principal se mantém, mas elas têm se tornado uma mini loja de conveniência

Em um passado não muito distante, álbuns e figurinhas faziam a alegria das crianças, as mulheres gostavam de acompanhar as revistas de moda e para manter-se bem informado, o canal era os jornais diários e as revistas semanais. O lugar preferido para ter tudo isso era as bancas de jornal. Muitos pediam para o seu jornaleiro reservar as suas publicações preferidas, em um tempo em que se praticava a compra na caderneta e o freguês acertava as contas no fim do mês. Com a internet, tudo mudou.

Há mais de 160 anos, surgiu no Brasil a profissão de jornaleiro. Tudo começou em 1858, quando escravos saíam pelas ruas anunciando as principais manchetes estampadas nas primeiras páginas do jornal A Atualidade, o primeiro a ser vendido avulso no país. Posteriormente, os caixotes deram lugar às bancas de madeira, que foram substituídos nos anos de 1950 pelas de metal.

Em São Paulo, em 1958, o prefeito da cidade, Jânio Quadros, regulamentou as bancas com a definição de que elas deveriam ser de metal, assim como as conhecemos hoje. Para ele, bancas de madeira não combinavam com o aspecto progressista da cidade. E foi assim que elas proliferaram, ao mesmo tempo em que o mercado editorial ganhava várias novas publicações.

Aos domingos, a leitura do jornal era quase obrigatória e para as crianças, colecionar álbuns era imprescindível, assim como trocar com os amigos as figurinhas repetidas. Mas, com o advento da internet comercial, a partir de 1994, o meio digital foi tomando conta. Várias publicações passaram a ser online, e da mesma forma que os jornaleiros viram o número de revistas e jornais impressos diminuírem, muitos fecharam as suas portas.

Tanto que em apenas pouco mais de uma década, o número de bancas de jornal, que chegou a ser mais de 5 mil na cidade, hoje não passa de 2.640 cadastradas na Prefeitura. E muitas delas tiveram que se reinventar para atrair clientes e passaram a vender um mix de produtos, como cartões de recarga de celular, guloseimas e brinquedos, tornando-se uma mini loja de conveniência.

No entanto, a essência delas não mudou e nem pode mudar, já que a legislação municipal determina que 75% do espaço interno das bancas deve ser destinado à exposição de jornais e revistas, a principal atividade delas. Fato é que hoje vemos bancas de todos os tipos, desde as mais tradicionais até as mais sofisticadas, principalmente nos bairros mais nobres da cidade.

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Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.