Uma homenagem justa
[Crônica de 29 de outubro de 2001]
Uma cidade é muito mais do que um enorme bloco de concreto erguido sem muita ordem, ao longo do tempo. Nela, clima, luminosidade, rios, pontos turísticos, históricos e interessantes, ruas e avenidas, becos e praças se complementam, também sem muita ordem, para criar o caráter que a faz única como as zebras, ou as pessoas.
Pessoas. Nenhuma cidade é uma cidade viva sem seus habitantes. Sem as pessoas que fazem a vida fluir e a cidade respirar. A imensa maioria é uma massa cinza que se perde dentro dela mesma e da massa cinza do concreto da poesia urbana. Mas existem as que se destacam, para o bem e para o mal.
Como nessa crônica quero falar de coisas boas, vamos deixar as que se destacam para o mal de lado, mesmo elas sendo a maioria, em qualquer lugar do mundo.
São Paulo tem alma e vontade própria. A cidade faz o que quer, sem levar muito em conta os planos que fazem para ela. Mas, às vezes, ela deixa alguém contribuir e adota essa pessoa, para ser parte da sua alma e, juntas, somarem e transformarem os sonhos em realidade, que nem sempre acaba bonita.
Se tem alguém, atualmente, que tem feito por São Paulo, quieto, muito mais do que quase todos os outros juntos, esse alguém é o secretário da Cultura do Estado, Marcos Mendonça.
Voltando um pouco no tempo, foi seu empurrão que fez a Pinacoteca deslanchar e hoje ser o espaço maravilhoso que é. Foi sua mão que ajudou o Teatro São Pedro ficar de pé, depois de décadas adormecido. E foi ele quem transformou uma velha estação de trem na maravilhosa Sala São Paulo, que não fica devendo nada para ninguém, e abriga uma orquestra de primeiro nível.
Às vezes, faz bem lembrar que existe gente do lado do bem.
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