A festa das azaleias

[Crônica de 20 de agosto de 2007]

E a festa das azaleias começa mais uma vez. Não porque agosto seja o mês do meu aniversário, mas porque a natureza em seu capricho fez as coisas serem assim. É em agosto que as azaleias se vingam das quaresmeiras, das paineiras, dos jacarandás e dos ipês. Em agosto explodem os tons fortes de suas cores, enfeitando os muros contra os quais são plantadas.

E a festa é do tamanho da festa das quaresmeiras, que tem gente que acha que é a maior festa das plantas da cidade. As azaleias não ficam devendo nada para elas. Sua florada tem a densidade das grandes floradas, das plantas mais amadas e, por isso, mais plantadas, em mais de cem anos de urbanização incessante.

Ao contrário das quaresmeiras, as azaleias não estão soltas nos canteiros e calçadas. Como são arbustos, precisam ser plantadas em renques, o que faz que ocupem mais as calçadas; e é nelas e nas casas que ainda têm coragem de manterem seus muros baixos que elas explodem a riqueza incrível de suas flores, variando do roxo ao vermelho, e passando pelo branco como contraponto.

As flores das azaleias são um momento especial na vida da cidade. Um instante de paz, como se os deuses decidissem que a violência sem sentido deveria abrir espaço para a beleza mansa das flores se entregando para fazer a vida mais feliz.

Todas as vidas. A dos ricos, a dos pobres, e a dos motoristas e dos que padecem espremidos dentro dos ônibus que chacoalham suas latarias nem sempre firmes pelos buracos da cidade.

As azaleias são um presente dos anjos, trazendo pra terra um pouco da nostalgia do paraíso. Por isso mais que lindas, são divinas.
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