O jogador
Narra uma antiga lenda árabe que uma mulher, quando já estava quase desistindo, finalmente ficou grávida. Enquanto ela comemorava com o marido, o diabo apareceu e disse: “Eu sou o responsável pela sua gravidez, por isso o destino do seu filho será meu. Você tem quatro opções para o futuro dele: ladrão, assassino, bêbado ou jogador”.
Diante do quadro aterrador e das alternativas colocadas pelo diabo, a mulher ponderou as opções. Se fosse ladrão, seu filho acabaria na cadeia. Se fosse assassino, provavelmente acabaria morto. Se fosse bêbado, desonraria a família. Ela escolheu: “Quero que meu filho seja jogador”.
Olhando com ironia, o diabo lhe respondeu: “Tem certeza? Quer que seu filho seja jogador?” A mulher confirmou: sim, queria que seu filho fosse jogador. Sorrindo, o diabo lhe disse: “Muito bem, você escolheu, ele será jogador… Até os 18 anos você o terá e ele será o melhor filho do mundo. Aos dezoito ele começará a jogar”.
E assim aconteceu. Até os 18 anos seu filho foi maravilhoso, generoso, ligado à família, amigo dos amigos, bom aluno. No dia que ele completou 18 anos, disse à mãe que iria sair de casa, que queria conhecer o mundo e partiu.
Pouco tempo depois, começou a jogar para custear sua vida, no princípio, moderadamente, mas, à medida que começou a perder, passou a dobrar as apostas para recuperar os prejuízos. E a ter mais prejuízos e a jogar mais, até que, desesperado, começou a beber. Um dia, pressionado pelos credores, invadiu o quarto da mãe para roubar suas joias. Ela estava em casa, ouviu o barulho e foi ver o que estava acontecendo. Pego em flagrante, o filho não pensou duas vezes. Sacou sua adaga e a cravou no peito da mãe.
No inferno, o diabo sorriu satisfeito. O círculo estava completo.
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