Manuais de instruções inúteis
A imensa maioria da população brasileira fala apenas português e, mesmo assim, com alguma dificuldade, se formos conferir as regras gramaticais da língua, uma das mais complexas do planeta.
Nada que não se repita nos outros países. A maioria dos japoneses não fala outra língua, os chineses seguem pelo mesmo caminho e os alemães também não são muito diferentes, isso para ficar apenas em alguns exemplos e não perder o rumo da crônica.
Como a maioria dos brasileiros fala português, nada mais lógico do que os manuais de instrução serem escritos em português. Em outra língua não terão serventia, pela simples razão da outra língua estar tão próxima quanto a escrita cuneiforme da capacidade de leitura do cidadão.
É por isso que o Código de Defesa do Consumidor, na trilha aberta pela Constituição Federal, tem disposição que determina que as informações sobre a compra sejam escritas em linguagem simples e de fácil compreensão para o consumidor, que não tem nenhuma obrigação de saber inglês para manusear um produto. E linguagem simples e de fácil compreensão pressupõe o uso do português, até porque é a única língua que o comprador conhece.
Mas não é isso que vai acontecendo. Cada vez mais, principalmente os produtos comprados pela internet, são entregues com manuais de instrução e garantia escritos em inglês ou outras línguas que o brasileiro médio não conhece. O resultado é que o comprador invariavelmente fica perdido, olhando para a máquina e seus equipamentos, com um livreto na mão, sem entender nada do que ele precisa fazer.
Seria interessante os órgãos de defesa do consumidor atentarem para o problema. Do jeito que vai temos um cenário que pode ficar complicado, com perdas evidentes para o lado mais fraco, o consumidor.
___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.