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A Diógenes Ribeiro de Lima

[Crônica de 5 de novembro de 2007]

Quando eu era criança, ela se chamava Estrada da Boiada. Acho que pouca gente se lembra disso, mas esse era o nome da Diógenes Ribeiro de Lima, que corta o fundo do Alto de Pinheiros, meio avenida, meio rua, com muito mais movimento do que ela deveria suportar.

Rua que já foi simpática, arborizada, com cara de bairro planejado pela Companhia City, a Diógenes Ribeiro de Lima tem casas maravilhosas ao longo de sua longa extensão. 

Casas construídas para serem moradias, num padrão bem alto, hoje, ou são escritório, ou se deterioram, atingidas de morte pelo progresso insano que empurra São Paulo sempre mais pra frente, sempre mais pra frente, até Deus sabe onde, ou muito para lá das divisas do município.

O nome antigo era muito mais bonito. Estrada da Boiada tem uma carga poética que o nome atual não tem como competir. Não há ponto de comparação entre Estrada da Boiada e Diógenes Ribeiro de Lima, que, além de tudo, pouca gente sabe quem foi.

Estrada da Boiada remete o pensamento para o tempo que ela servia era o caminho pelo qual o gado entrava na cidade em direção ao matadouro municipal.

Lembra outra São Paulo, perdida no tempo, ainda que passado recente, quando as boiadas entravam na cidade caminhando e cortavam suas periferias, tocados a laço e berrante, já em pleno século 20.

Estrada da Boiada é tão simpático quanto Rua da Quitanda, ou Rua da Boa Vista ou Ponte da Cidade Jardim. E é um marco urbano. Que com o próprio nome já explica o que é. É por isso que mudar os nomes das ruas é um absurdo. Primeiro, o nome novo é sempre mais feio e, segundo, quebra a ordem do progresso da cidade.
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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.