Luiz Coelho

Meu amigo Luiz Coelho partiu para sua última jornada. Nunca imaginei que ele poderia partir… Tem certas pessoas que nós não imaginamos mudando de endereço. Ele era uma delas.

Luiz era amigo a moda antiga. Leal, presente, interessado na amizade, capaz de gestos grandiosos e de outros singelos, cada um no seu momento.

Fomos amigos por algumas décadas e, apesar de não estarmos sempre fisicamente presentes um na vida do outro, sempre estivemos conectados e cada encontro mostrava o grau de nossa amizade e de confiança mútua – era como se continuássemos o papo do dia anterior.

Tem gente que espanta gente e gente que atrai. O Luiz era do segundo grupo. Quem se aproximava dele ficava encantado com seu jeito particular de ser, fosse porque estava fumando, fosse porque tinha largado o cigarro ou qualquer outra razão mais ou menos séria que ele transformava em exemplos de vida, ou falta de exemplos… dependia da situação.

Luiz era naturalmente simpático. Não precisava se esforçar para conquistar as pessoas e o fazia de uma forma calma, simples e gostosa. Ao longo de todos os anos de nossa amizade, não conheci ninguém que, tendo se aproximado dele, não tenha se encantado.

Além disso, Luiz Coelho foi dos bons advogados que eu conheci e tive o privilégio de conviver. Com certeza foi um dos melhores advogados trabalhistas de São Paulo. Vi o Luiz atuando e ganhando causas, em princípio, impossíveis. Era ele quem fazia essa parte para o nosso escritório. Quando nos solicitavam atuar no campo trabalhista, encaminhávamos a demanda para o escritório dele, invariavelmente com resultados surpreendentes, porque é muito difícil o lado do patrão ganhar.

Meu querido amigo foi embora sem aviso e sem deixar bilhete. Fiquei sabendo por ler a notícia da sua morte. Descanse em paz, Luiz Coelho!