A Cidade Universitária na primavera
[Crônica de 15 de outubro de 2007]
Ainda que meio desmerecida, a Cidade Universitária na primavera atinge seu ponto alto, o momento bonito em que a antiga fazenda, transformada em campus, recobra as cores da natureza para enfeitar seu parque nem sempre limpo, mas ainda assim impressionante.
Espalhada pelos muitos alqueires roubados da antiga fazenda do Butantã, a Cidade Universitária é um paraíso verde encravado na zona oeste da Capital.
Um de seus mais importantes pulmões, permanentemente ameaçado pelas tentativas de mudar o zoneamento em volta, o que diminuiria sua capacidade de limpar nosso ar eternamente poluído pela dinâmica assassina da cidade que não para.
A Cidade Universitária é uma feliz mistura de prédios e espaços abertos, onde o nem sempre belo ganha vida, impulsionado pela amplidão do horizonte em que brilha diariamente o mais bonito dos pores do sol.
Com avenidas largas, ruas, vielas e quebradas misteriosas entre os prédios e as praças, sua geografia é um verdadeiro labirinto no qual é bom se perder para se reencontrar consigo mesmo.
Na primavera ela fica melhor ainda. A temperatura ainda relativamente fresca recebe quase que diariamente o auxílio dos ventos que correm pelo leito do rio Pinheiros para cortar caminho entre todas as direções.
Nessa época o verde ganha em intensidade, realçando a cor saudável das plantas que reencontraram na água das chuvas, além dos segredos das matas, a força para se enfeitarem.
E a festa se reflete nas plantas florindo fora de época e no canto e no voo de centenas de pássaros que fazem a festa no seu céu mais azul.
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