A nova cara do aeroporto
[Crônica de 24 de agosto de 2004]
Congonhas mudou de cara. Agora parece aeroporto moderno, ou melhor, está se transformando em aeroporto moderno, deixando o jeito de aeroporto de bairro que sempre teve e que permitia aos passageiros, andando pela pista, chegar na porta do avião, como se voar fosse coisa de conversa de botequim.
Desde sua inauguração, faz tempo, o aeroporto sempre foi o que era. Um enorme saguão com portas dando para todos os lados, inclusive para a pista, por onde sempre se andou com relativa tranquilidade, até que no ano passado um passageiro morreu atropelado.
A primeira vez que eu voei foi saindo de Congonhas, num “viscount” da VASP que me levou para o Rio de Janeiro. A segunda, foi de volta dessa viagem para o Rio, quando eu pousei em Congonhas, vindo de “electra”.
Eram dois quadrimotores turbos hélices e o “electra” até hoje dá saudade, pelo tempo que ficou na Ponte Aérea, com cara de sala de estar, no salão onde os passageiros voavam batendo papo e bebendo uísque, no voo do final da tarde entre São Paulo e Rio ou vice-versa.
Depois, mesmo sem estar preparado para isso, Congonhas acabou crescendo e se transformando no segundo maior aeroporto do Brasil. Aí não teve mais jeito, o antigo aeroporto, quase vazio, onde durante alguns anos foi moda a gente tomar café da manhã, começou a ficar pequeno para o trânsito do seu dia a dia.
Agora, o novo Congonhas cresce com tudo, com cara de aeroporto civilizado, com pontes de embarque chegando nos aviões, e um enorme salão distribuindo os passageiros para os terminais. Eu só espero que ele não perca o charme, e a velha simpatia.
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