Para os amigos tudo
[Crônica de 8 de outubro de 2007]
Quem passa pelo Alto de Pinheiros fica impressionado com o capricho do bairro e com as providências tomadas pela prefeitura para melhorar a segurança do trânsito. Até onde não precisa tem uma rotatória na esquina e tartarugas e lombadas para diminuir a velocidade das ruas.
Dá gosto ver tanto empenho e como a administração pública pode ser competente quando ela quer. Mas aí vem a pergunta óbvia: se ela não é tão competente assim no resto da cidade, por que será que no Alto de Pinheiros as coisas funcionam tão bem?
Comparando o bairro com seu irmão mais novo e continuação lógica para o outro lado do Rio Pinheiros, a City Butantã parece o patinho feio, ou o primo pobre. Não há como comparar, nem tentar explicar as diferenças.
Ainda que se dissesse que os dois bairros pertencem a subprefeituras diferentes, ainda assim fica difícil explicar por que tanto carinho com um e um certo desleixo com outro.
Exceto se a partícula “se” não tivesse um papel importante para mostrar como as coisas funcionam em São Paulo, ou melhor, no Brasil.
Se o governador do Estado morasse no Butantã e se o governador do Estado fosse amigo e protetor do prefeito, provavelmente as ruas do bairro também teriam todas as rotatórias necessárias para diminuir a velocidade dos carros.
Mais ainda, se o governador morasse no bairro, ninguém estaria pensando em mudar as limitações existentes para liberar a construção de prédios altos e de uso misto numa região feita e pensada para ser um bairro residencial. Nem se estaria usando a desculpa de uma estação do metrô para justificar o adensamento proposto. Mas o governador não mora lá. Então, dane-se o morador comum.
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